Tenho à janela
Uma velha cornucópia
Cheia de alfazema
E orquídeas da etiópia
Cheirava eu a alfazema e sonha em saber onde seria a etiópia...
Tenho um transistor ao pé da cama
Com sons de harpas e oboés
E cantigas de outras terras
Que percorri de lés-a-lés
Eram as harpas e oboés que me faziam sonhar
levar a música que tinha dentro de mim
por terras e terras
Tenho uma lamparina
Que trouxe das arábias
Para te amar à luz do azeite
Num kama-sutra de noites sábias
Fui descobrindo o amor,que podia ser à luz do sonho
kama-sutra ficou-me na curiosidade adolescente...
Tenho junto ao psyché
Um grande cachimbo d'água
Que sentado no canapé
Fumamos ao cair da mágoa
Psyché?Canapé?Palavras de passado...
Mas a vontade do cachimbo d'água, era o proibido tanto apetecido
E jamais foi provado!
Tenho um astrolábio
Que me deram beduínos
Para medir no firmamento
Os teus olhos astrelinos
Fiquei em desejos
de alguém trazer o astrolábio para medir os meus olhos...
Vem vem a minha casa
Rebolar na cama e no jardim
Acender a ignomínia
E a má língua do código pasquim
Que nos condena numa alínea
A ter sexo de querubim
Fico-me pelo querubim...
Obrigado Tê e Rui
A doçura da minha adolescência foi recheada pelos poemas que mal entendia, mas que me fizeram sonhar, amar, viver, sentir...
Hoje recordo, ainda mais deliciada, e sinto um aconchego que a idade me foi dando para vos ouvir sempre com amor e muita vida...