há 12 anos,por esta altura,caía nos o mundo quando nos anunciaram que a morte estava a rondar.
poucos meses,em outubro,o meu pai era nos roubado violentamente.
hoje, ainda a lembrar a dor,anuncia se outra dor.
a minha mãe foi apanhada pelo bicho que tem roubado tantos.
a promessa da ciência é um pouco apaziguadora,mas apenas no tempo.
o mundo caiu nos outra vez e o chão parece ter sido removido.
ela anda aí a cercar nos.
estou perdida.
é do nosso mar
palavras soltas,risos contidos...no mar da vida podemos navegar sem velas sem marinheiros!
quarta-feira, julho 08, 2020
sábado, novembro 02, 2019
cansada de ser mãe, e depois?
mais um dia de filhos.
quer dizer, o joao veio cá, porque precisou e a leonor mantém se aqui.
tomei victam!
estou cansada das conversas que sempre parecem ser inofensivas mas no fundo, no fundo perverso, são motivo de discordia, de gerações diferentes, de intolerância.
não só deles, mas minha também.
estou cansada de pensar neles, de me degladiar em sentimentos que sinto e tento não ter, aquela coisa de me preocupar, de os amar. cansa.
estou mesmo cansada de ser mãe. de sorrir nos sucessos deles.e então e os meus? onde estão os sorrisos deles?
de chorar as perdas que eles vão tendo. e as minhas?
de estar sempre presente, nos momentos grandes e nos pequenos, porque estou, porque dizem que não é preciso, mas depois cobram.
e no meu presente? estou ali sozinha.
estou sempre a mostrar o tal do amor incondicional que eles até ja nem ligam. não sabem o que é.incondicional?afinal o que é isso?!
e eu? merda... e eu?
sou un apêndice, um apetrecho, um qualquer coisa indefinido que nem eles, nas suas sabedorias de sec. xxi sabem explicar.
sou mãe. estou cansada de o ser e apetece me deixar de o ser.
lavar me do parto, livrar me da placenta, do cordão que existiu, do corpo que foi para os formar, da emoção de serem de mim.
não quero renascer de um eu separado de eles, mas preciso de descansar.
... e podes fazê-lo mãe, podes...
eles julgam que sim!
ah! como enganados estão!
eu estou cansada, mas a força de ser mãe renasce todos os dias no simples respirar deles.
quer dizer, o joao veio cá, porque precisou e a leonor mantém se aqui.
tomei victam!
estou cansada das conversas que sempre parecem ser inofensivas mas no fundo, no fundo perverso, são motivo de discordia, de gerações diferentes, de intolerância.
não só deles, mas minha também.
estou cansada de pensar neles, de me degladiar em sentimentos que sinto e tento não ter, aquela coisa de me preocupar, de os amar. cansa.
estou mesmo cansada de ser mãe. de sorrir nos sucessos deles.e então e os meus? onde estão os sorrisos deles?
de chorar as perdas que eles vão tendo. e as minhas?
de estar sempre presente, nos momentos grandes e nos pequenos, porque estou, porque dizem que não é preciso, mas depois cobram.
e no meu presente? estou ali sozinha.
estou sempre a mostrar o tal do amor incondicional que eles até ja nem ligam. não sabem o que é.incondicional?afinal o que é isso?!
e eu? merda... e eu?
sou un apêndice, um apetrecho, um qualquer coisa indefinido que nem eles, nas suas sabedorias de sec. xxi sabem explicar.
sou mãe. estou cansada de o ser e apetece me deixar de o ser.
lavar me do parto, livrar me da placenta, do cordão que existiu, do corpo que foi para os formar, da emoção de serem de mim.
não quero renascer de um eu separado de eles, mas preciso de descansar.
... e podes fazê-lo mãe, podes...
eles julgam que sim!
ah! como enganados estão!
eu estou cansada, mas a força de ser mãe renasce todos os dias no simples respirar deles.
segunda-feira, julho 08, 2019
posso ficar desiludida, se faz o favor?
posso ou não posso sentir-me desiludida comigo própria,mesmo que não seja eu que me deva desiludir?
vivem se dias e vidas tão diferentes. questiona se os valores de outrora os de hoje,e tudo se justifica que as gerações, o mundo está diferente.
tenho dois filhos.
opção de os ter nunca foi por razão nenhuma, apenas aconteceu dentro de um casamento tradicional e era assim.
se não os queria?sempre os desejei.se os quero agora?não sei.
está tudo ao contrário ou então sou eu que me auto deficiento, tendo necessidades de alguém amputado.
lá está, faltam aqui os preciosos videos do facebook a comparar hoje com o antigamente, que se passavam dificuldades e tal e assim se crescia e agora é tudo fácil,porque os pais, eu mãe dei tudo, fiz tudo e não os deixei passar as tais das dificuldades.
olha porra...quem é o pai, eu mãe que quer ter um filho a passar dificuldades?
achei e acho que fiz o meu melhor:escola,férias, brinquedos,estudos extra,música,natação,inglês,cama,comida,roupa lavada e tudo quanto eram mimos. exageradamente mimos, que os tornei em pessoas completamente diferentes de mim.
ainda bem, porque eu não sou deste mundo há muito,e que, até sou feliz com merdices que eles não conhecem, que me estampo em ser crente, e até gosto de trabalhar.
mas depois fico desiludida.mentir ou ocultar nunca fez parte dos meus mimos.sentido de familia,não aquela coisa de sermos todos muitos queridos uns com os outros e tal, mas estar, gostar de estar, curtir uns copos,brincar,estar. só estar sentado a beber um café, só estar na mesma casa.
foda se, é dificil?
gerir a vida em complemento com a vida de uns dos outros é assim uma tarefa tão estranha?
coitados de nós, que não tivemos pais divorciados,que vivemos uma vida inteira juntos, que só havia uma televisão e nas férias tinhamos de ir todos juntos num carro sem ar condicionado e por estradas com filas imensas.
foda se outra vez.
não venham com emancipação que nem sabem o que é.
não me lixem.tenho dois filhos que não sabem nada de mim, do que gosto de comer, de ler, de beber.
estou desiludida porque eles continuam a não querer saber e pelo caminho fazem me tropeçar na minha estupidez crente que fiz o meu melhor. fiz,mas fiz merda. e é naquelas pequenas coisas que eu vejo como não soube fazer nada bem.
vivem se dias e vidas tão diferentes. questiona se os valores de outrora os de hoje,e tudo se justifica que as gerações, o mundo está diferente.
tenho dois filhos.
opção de os ter nunca foi por razão nenhuma, apenas aconteceu dentro de um casamento tradicional e era assim.
se não os queria?sempre os desejei.se os quero agora?não sei.
está tudo ao contrário ou então sou eu que me auto deficiento, tendo necessidades de alguém amputado.
lá está, faltam aqui os preciosos videos do facebook a comparar hoje com o antigamente, que se passavam dificuldades e tal e assim se crescia e agora é tudo fácil,porque os pais, eu mãe dei tudo, fiz tudo e não os deixei passar as tais das dificuldades.
olha porra...quem é o pai, eu mãe que quer ter um filho a passar dificuldades?
achei e acho que fiz o meu melhor:escola,férias, brinquedos,estudos extra,música,natação,inglês,cama,comida,roupa lavada e tudo quanto eram mimos. exageradamente mimos, que os tornei em pessoas completamente diferentes de mim.
ainda bem, porque eu não sou deste mundo há muito,e que, até sou feliz com merdices que eles não conhecem, que me estampo em ser crente, e até gosto de trabalhar.
mas depois fico desiludida.mentir ou ocultar nunca fez parte dos meus mimos.sentido de familia,não aquela coisa de sermos todos muitos queridos uns com os outros e tal, mas estar, gostar de estar, curtir uns copos,brincar,estar. só estar sentado a beber um café, só estar na mesma casa.
foda se, é dificil?
gerir a vida em complemento com a vida de uns dos outros é assim uma tarefa tão estranha?
coitados de nós, que não tivemos pais divorciados,que vivemos uma vida inteira juntos, que só havia uma televisão e nas férias tinhamos de ir todos juntos num carro sem ar condicionado e por estradas com filas imensas.
foda se outra vez.
não venham com emancipação que nem sabem o que é.
não me lixem.tenho dois filhos que não sabem nada de mim, do que gosto de comer, de ler, de beber.
estou desiludida porque eles continuam a não querer saber e pelo caminho fazem me tropeçar na minha estupidez crente que fiz o meu melhor. fiz,mas fiz merda. e é naquelas pequenas coisas que eu vejo como não soube fazer nada bem.
sábado, abril 20, 2019
50 anos
fiz 50 anos.
sinto me a morrer por um lado e tento agarrar me a tudo para que isso nao aconteça .
sinto me a viver com mais vida sem olhar a nada desprendendo me de tudo.
tenho vivido os ultimos anos um calvário de tristeza e isso é que me acompanha.
já não sinto a alegria como sentia e ja nao choro como antigamente chorava, fácil nas alegrias e copiosamente nas amarguras.
limitei me em tudo.
o calvário começou na morte do meu pai e continuou na ausência diaria transformada em afastamento emocional do meu filho.
50 anos e não sei nada. ou se calhar sei tudo. passei por tudo o que ouço vindo do meu filho.
lembro me de tudo em mim quando o ouço nele.
os tempos eram outros e eu rendi me ao politicamente correcto e à sociedade que me acolhia.
fui infeliz durante anos.
se calhar até ele nascer, momemto de verdadeira alucinação.
mas antes,antes sonhei com o mundo e eu sem olhar para trás percorrendo caminhos, calçadas, empedrados na procura do mundo e de mim mesma. vi me tantas vezes, fora de mim mesma, de mochila às costas, vestida ao acaso, calçada com pó e historias para contar.
imaginava me em sorrisos de aqui e de acolá, fazendo o que pudesse para continuar.
mas os tempos eram outros e eu mulher.
50 anos. ouço o filho de que nao me consigo encontrar falar, esbracejar angustiar e até, tao injustamente, atacar me pelo mesmo pensamento e o choro, o sentimento de tristeza profunda brota de mim.
50 anos e só o quero ver realizado nos sonhos. mas quero ve lo nos sentimentos de risos largos e choros profundos.
e vejo o de mochila as costas sem olhar para trás.
só espero que na mochila ele me leve como um dia eu o aconcheguei no meu ventre e nos meus braços.
50 anos e ainda quero ser amada.
incondicionalmente sei amar, e era essa a minha missão, mostrar que o amor incondicional existe, mesmo que a dor la esteja.
50 anos, hoje, neste dia e neste momento se me perguntarem o que sinto respondo:infinita tristeza.
mas nao desisto de mim.
e darei a mochila ao filho em lagrimas de amor.
incondicionalmente.
sinto me a morrer por um lado e tento agarrar me a tudo para que isso nao aconteça .
sinto me a viver com mais vida sem olhar a nada desprendendo me de tudo.
tenho vivido os ultimos anos um calvário de tristeza e isso é que me acompanha.
já não sinto a alegria como sentia e ja nao choro como antigamente chorava, fácil nas alegrias e copiosamente nas amarguras.
limitei me em tudo.
o calvário começou na morte do meu pai e continuou na ausência diaria transformada em afastamento emocional do meu filho.
50 anos e não sei nada. ou se calhar sei tudo. passei por tudo o que ouço vindo do meu filho.
lembro me de tudo em mim quando o ouço nele.
os tempos eram outros e eu rendi me ao politicamente correcto e à sociedade que me acolhia.
fui infeliz durante anos.
se calhar até ele nascer, momemto de verdadeira alucinação.
mas antes,antes sonhei com o mundo e eu sem olhar para trás percorrendo caminhos, calçadas, empedrados na procura do mundo e de mim mesma. vi me tantas vezes, fora de mim mesma, de mochila às costas, vestida ao acaso, calçada com pó e historias para contar.
imaginava me em sorrisos de aqui e de acolá, fazendo o que pudesse para continuar.
mas os tempos eram outros e eu mulher.
50 anos. ouço o filho de que nao me consigo encontrar falar, esbracejar angustiar e até, tao injustamente, atacar me pelo mesmo pensamento e o choro, o sentimento de tristeza profunda brota de mim.
50 anos e só o quero ver realizado nos sonhos. mas quero ve lo nos sentimentos de risos largos e choros profundos.
e vejo o de mochila as costas sem olhar para trás.
só espero que na mochila ele me leve como um dia eu o aconcheguei no meu ventre e nos meus braços.
50 anos e ainda quero ser amada.
incondicionalmente sei amar, e era essa a minha missão, mostrar que o amor incondicional existe, mesmo que a dor la esteja.
50 anos, hoje, neste dia e neste momento se me perguntarem o que sinto respondo:infinita tristeza.
mas nao desisto de mim.
e darei a mochila ao filho em lagrimas de amor.
incondicionalmente.
quinta-feira, fevereiro 28, 2019
Cheiros (in facebook a 27 de fevereiro de 2018)
Tenho um nariz do caraças.
Primeiro, é um senhor nariz, e depois sente os cheiros e odores que me levam a sítios inacreditáveis.
É verdade que tirar catotas ou macacos se tornou uma tarefa difícil com o piercing, mas aquele sentido olfatal ficou e cada vez mais me põe alerta. Quando chego a casa, antes de pestanejar já sei a que ela respira:comida deliciosa feita pelo Luís, ou então a mistura de cremes, perfumes e chulés da Leonor.
Mas o pior, ou o bem melhor são os cheiros que me alcançam as memórias.
Um dia destes, numa formação super(bué! :-P interessante, passaram por mim a água de rosas que me levou às imagens da infância e à minha avó.
E hoje, ao tentar respirar dentro carro abro uma janela e de repente estava eu na academia, na antiga academia de música, ali na rua 19,a saltar por entre as árvores de camélias rosa e branca.
De repente, estava a ouvir um piano, se calhar a ser tocado pelos grandes, oFrancisco Seabra, talvez, o violino do Zé Paulo, o ranger do violoncelo nas aulas da Gisela.
E nós, por entre saltos e brincadeiras lutavamos com os pequenos botões das camélias, escondendo os da dona Del, que aparecia e nos ralhava com sotaque brasileiro.
Atrás dela vinha o professor Mário Neves, que nada dizia e lá se escapulia com o Télé, não fosse sobrar para ele também.
As tardes de Julho, na espera dos exames,eram passadas sentados nas escadas a ver os outros de toalha e bola a ir para a praia, e nós, os da música ali ficávamos a trautear hindmith e a decorar Fontaine.
E o cheiro aparecia, café queimado.
Nunca soube de onde vinha aquele cheiro, e hoje, ao fim de tantos anos... mesmo muitos anos, senti o outra vez pela frinchas do vidro.
Bem haja, querido nariz que me fazes viajar aos meus melhores tempos de infância.
quarta-feira, dezembro 12, 2018
fazes falta
tenho tantas saudades tua pai.
fazes me falta na vida, nos meus passos, nas minhas decisões.
fazes me falta nos meus choros.
nem sei como consigo viver nesta solidão, nesta planície nua de ti.
fazes me tanta falta, quando olho para o João, quando olho para a Leonor.
porque lhes fazes falta.
somos órfãos de ti.
fazes me falta na vida, nos meus passos, nas minhas decisões.
fazes me falta nos meus choros.
nem sei como consigo viver nesta solidão, nesta planície nua de ti.
fazes me tanta falta, quando olho para o João, quando olho para a Leonor.
porque lhes fazes falta.
somos órfãos de ti.
terça-feira, novembro 06, 2018
ser filha
o tempo foi passando e chegaram os 10 anos em que o meu pai morreu.
ele foi, nós ficamos.
uns melhor,outros assim a assim,outros sei lá como.
eu? sei lá como fiquei. fui ao fundo,fiquei por lá muito tempo e vim à tona várias vezes.
os ciclos de vida e da vida assim me fizeram.mergulhar,respirar,mergulhar e planar tipo boiar.
de todos nós, ela foi a que não ficou nada.
ou ficou tudo.
ficou abandonada,sózinha,sem emoção,sem nada.
o nada com tudo,o nada com todos,o nada que existia.
10 anos sem nada.tudo muito pela rama,tudo muito sem sabor,tudo sem vontade.
e se nada existia,o pouco que ainda podia ser a bóia para sobreviver foi-se indo até quase desaparecer.
é da idade.é assim que começa.é assim que vai acontecer.
ela deixou de estar atenta,deixou de nos ouvir,deixou de nos ver,porque assim procurou para ter o nada.
já nada interessa e nós,que orfãos há 10 anos,não importamos.
olho-a e enraiveço-me por mim e por ela.por ter desistido de lutar e sempre me arrastar nesta derrota.
olho-a e sofro de tristeza,pela tristeza infinita nos olhos azuis,pelo desencanto de 10 anos.
vejo-a perder-se de mãos livres sem olhar a nada.
mas somos nós,os orfãos que a perdemos.
o tempo está a passar e a dor da perda de há 10 anos, que não passa,vem juntar-se à dor da perda da mãe que sempre achamos que não se ia perder.
ele foi, nós ficamos.
uns melhor,outros assim a assim,outros sei lá como.
eu? sei lá como fiquei. fui ao fundo,fiquei por lá muito tempo e vim à tona várias vezes.
os ciclos de vida e da vida assim me fizeram.mergulhar,respirar,mergulhar e planar tipo boiar.
de todos nós, ela foi a que não ficou nada.
ou ficou tudo.
ficou abandonada,sózinha,sem emoção,sem nada.
o nada com tudo,o nada com todos,o nada que existia.
10 anos sem nada.tudo muito pela rama,tudo muito sem sabor,tudo sem vontade.
e se nada existia,o pouco que ainda podia ser a bóia para sobreviver foi-se indo até quase desaparecer.
é da idade.é assim que começa.é assim que vai acontecer.
ela deixou de estar atenta,deixou de nos ouvir,deixou de nos ver,porque assim procurou para ter o nada.
já nada interessa e nós,que orfãos há 10 anos,não importamos.
olho-a e enraiveço-me por mim e por ela.por ter desistido de lutar e sempre me arrastar nesta derrota.
olho-a e sofro de tristeza,pela tristeza infinita nos olhos azuis,pelo desencanto de 10 anos.
vejo-a perder-se de mãos livres sem olhar a nada.
mas somos nós,os orfãos que a perdemos.
o tempo está a passar e a dor da perda de há 10 anos, que não passa,vem juntar-se à dor da perda da mãe que sempre achamos que não se ia perder.
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