III
Despedi-me delas no carro. Tinha sido uma noite de outro mundo, e em outro mundo iria entrar.
Abri a porta de casa e apenas vislumbrei as sombras da televisão da sala onde os meus pais serenamente me esperavam. Sorriso da minha mãe, compreendedor de tantas falhas que tenho tido. O meu pai lá se levantou e com a sua maneira sempre agradável fez um breve resumo do que os netos tinham feito e o que tinham dito. Tudo calmo, tudo como deve de ser.
-Até amanhã, obrigado por terem ficado, sussurrei agradecendo de coração mais partido do que inteiro. A noite findara e eu senti a solidão a entranhar-se em mim.
-Até manhã, filha. Foi o mote da saída de quem sempre está presente em mim.
Fiquei só. Visitei os quartos deles e vi-os dormir com sorrisos e manias de sempre: Afonso enrolado no lençol, Margarida encolhidinha como se ainda estivesse dentro de mim.
O silêncio sabia-me bem, apenas a solidão me atormentava.
Sentei-me na cozinha, como tantas vezes fazia, e fui recordando as palavras, as gargalhadas da noite, e sem querer deixei-me flutuar em recordações ainda mais longínquas que há muito tempo não me cercavam.
A minha adolescência…as amigas…os amigos…a escola…e sempre as gargalhadas que me saíam de dentro do coração sem nunca passarem pela minha cabeça.
As saudades fazem-me crescer e viver todos os dias mais em plenitude, mas hoje recordei os sons e aromas da maior perda: o primeiro amor.
Despedi-me delas no carro. Tinha sido uma noite de outro mundo, e em outro mundo iria entrar.
Abri a porta de casa e apenas vislumbrei as sombras da televisão da sala onde os meus pais serenamente me esperavam. Sorriso da minha mãe, compreendedor de tantas falhas que tenho tido. O meu pai lá se levantou e com a sua maneira sempre agradável fez um breve resumo do que os netos tinham feito e o que tinham dito. Tudo calmo, tudo como deve de ser.
-Até amanhã, obrigado por terem ficado, sussurrei agradecendo de coração mais partido do que inteiro. A noite findara e eu senti a solidão a entranhar-se em mim.
-Até manhã, filha. Foi o mote da saída de quem sempre está presente em mim.
Fiquei só. Visitei os quartos deles e vi-os dormir com sorrisos e manias de sempre: Afonso enrolado no lençol, Margarida encolhidinha como se ainda estivesse dentro de mim.
O silêncio sabia-me bem, apenas a solidão me atormentava.
Sentei-me na cozinha, como tantas vezes fazia, e fui recordando as palavras, as gargalhadas da noite, e sem querer deixei-me flutuar em recordações ainda mais longínquas que há muito tempo não me cercavam.
A minha adolescência…as amigas…os amigos…a escola…e sempre as gargalhadas que me saíam de dentro do coração sem nunca passarem pela minha cabeça.
As saudades fazem-me crescer e viver todos os dias mais em plenitude, mas hoje recordei os sons e aromas da maior perda: o primeiro amor.
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