sábado, abril 20, 2019

50 anos

fiz 50 anos.
sinto me a morrer por um lado e tento agarrar me a tudo para que isso nao aconteça .
sinto me a viver com mais vida sem olhar a nada desprendendo me de tudo.
tenho vivido os ultimos anos um calvário de tristeza e isso é que me acompanha.
já não sinto a alegria como sentia e ja nao choro como antigamente chorava, fácil nas alegrias e copiosamente nas amarguras.
limitei me em tudo.
o calvário começou na morte do meu pai e continuou na ausência diaria transformada em afastamento emocional do meu filho.
50 anos e não sei nada. ou se calhar sei tudo. passei por tudo o que ouço vindo do meu filho.
lembro me de tudo em mim quando o ouço nele.
os tempos eram outros e eu rendi me ao politicamente correcto e à sociedade que me acolhia.
fui infeliz durante anos.
se calhar até ele nascer, momemto de verdadeira alucinação.
mas antes,antes sonhei com o mundo e eu sem olhar para trás percorrendo caminhos, calçadas, empedrados na procura do mundo e de mim mesma. vi me tantas vezes, fora de mim mesma, de mochila às costas, vestida ao acaso, calçada com pó e historias para contar.
imaginava me em sorrisos de aqui e de acolá, fazendo o que pudesse para continuar.
mas os tempos eram outros e eu  mulher.
50 anos. ouço o filho de que nao me consigo encontrar falar, esbracejar angustiar e até, tao injustamente, atacar me pelo mesmo pensamento e o choro, o sentimento de tristeza profunda brota de mim.
50 anos e só o quero ver realizado nos sonhos. mas quero ve lo nos sentimentos de risos largos e choros profundos.
e vejo o de mochila as costas sem olhar para trás.
só espero que na mochila ele me leve como um dia eu o aconcheguei no meu ventre e nos meus braços.
50 anos e ainda quero ser amada.
incondicionalmente sei amar, e era essa a minha missão, mostrar que o amor incondicional existe, mesmo que a dor la esteja.
50 anos, hoje, neste dia e neste momento se me perguntarem o que sinto  respondo:infinita tristeza.
mas nao desisto de mim.
e darei a mochila ao filho em lagrimas de amor.
incondicionalmente.


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